Thomas H Inge, Anita P.
Courcoulas, Todd M Jenkins, Mark P. Michalsky, Michael A Helmrath, Mary L. Brandt,
Carroll M Harmon
N
Engl J Med 2016; 374:113-123
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1506699
Trata-se de estudo observacional prospectivo multicêntrico, cujo
principal objetivo era avaliação da eficácia e segurança da cirurgia bariátrica
em adolescentes após 3 anos do procedimento. Os pacientes
elegíveis para o estudo deveriam ter menos de 19 anos e terem sido submetidos a
cirurgia bariátrica 2009 a 2012. Eram excluídos aqueles com impossibilidade de
comunicação. Foram avaliados como desfechos: remissão/prevalência de
comorbidades (hipertensão, dislipidemia, diabetes, pré-diabetes e insuficiência
renal crônica), alterações laboratoriais (vitamina B12, folato, vitamina D,
ferro, ferritina), qualidade de vida, necessidade de reintervenção cirúrgica,
altura/peso, complicações e mortalidade.
Entre os 242
pacientes elegíveis, foram avaliados os que realizaram bypass em Y de Roux e gastrectomia sleeve, 161 e 67 pacientes, respectivamente. Os pacientes tinham em
média 17 anos e eram predominantemente do sexo feminino (75%), com peso
pré-operatório de 149 kg e IMC de 53 kg/m2. Houve perda de 28% em
relação ao basal no grupo do bypass e
26% no grupo que realizou gastrectomia. Quanto às comorbidades, houve remissão
da hipertensão em 74% dos 96 hipertensos avaliados. Após 3 anos, 66% dos
dislipidêmicos normalizaram o perfil lipídico. A remissão do diabetes ocorreu em 95% dos 29 pacientes que tinham a
doença antes da cirurgia; não houve relatos de novos casos da doença no
seguimento. Houver melhora da qualidade de vida (P < 0,01; escores
padronizados) 3 anos apos a cirurgia. Quando avaliadas as variáveis nutricionais,
57% dos pacientes (P < 0,01) apresentaram baixos níveis de ferritina e 35%,
baixos níveis de vitamina B12. Foram necessárias reintervenções cirúrgicas em
24% dos pacientes após 1 ano de cirurgia, 55% após o segundo ano e 21% no
terceiro ano. Um paciente com diabetes tipo 1 não diagnosticado faleceu após
3,3 anos da cirurgia. No clube de revista discutimos:
·
Houve o benefício esperado para uma cirurgia
bariátrica considerando-se o peso;
·
A perda de peso se manteve ao longo dos 3
anos de pós-operatório e houve redução das
comorbidades, apesar do pequeno número de pacientes diabéticos incluídos;
·
O estudo é limitado pela sua natureza
observacional e pela ausência de um grupo controle com mudanças de estilo de
vida;
·
Houve perda de 24% dos dados laboratoriais
dos pacientes, o que pode representar outra limitação do estudo.
Pílula do clube:
Cirurgia bariátrica em adolescentes tem resultados satisfatórios em termos de
perda de peso e controle de comorbidades. No entanto, o impacto da necessidade
de seguimento para controle dos micronutrientes e das altas taxas de
reintervenção deve ser considerado.
Discutido no Clube de
Revista de 30/11/2015.