Sripal Bangalore, Rana Fayyad, Rachel Laskey, David A.
DeMicco, Franz H. Messerli, and David D. Waters.
N Engl J Med 2017; 376:1332-1340
A
obesidade fator de risco modificável para doença cardiovascular, porém não se
sabe a influência da variabilidade de peso sobre desfechos cardiovasculares. O
objetivo deste estudo foi avaliar se a variabilidade de peso em pacientes com
doença cardiovascular estabelecida influencia risco de morte e eventos
cardiovasculares. Trata-se de análise post-hoc
do estudo TNT, o qual comparou o uso de atorvastatina 10mg ou 80 mg em relação
a desfechos cardiovasculares. Foram incluídos pacientes que tinham pelo menos
duas medidas de peso após o início do estudo e feito seguimento de 4,9 anos com
medidas de peso seriadas. Os pacientes tinham doença coronariana estabelecida e
idade entre 35 e 75 anos. Diversas medidas e fórmulas foram utilizadas para
correção da variabilidade de peso (em detalhe no artigo). O desfecho primário
foi um composto de vários eventos cardiovasculares (morte por causa
cardiovascular, IAM não fatal, revascularização, angina, ressuscitação de
parada cardíaca) e o desfecho secundário um composto de evento coronariano,
cerebrovascular, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica, e diagnóstico
novo de diabetes. Os resultados foram ajustados para confundidores como sexo,
idade, raça, diabetes, HAS, tabagismo, DRC e IC, níveis de colesterol e
triglicerídeos e tempo de acompanhamento. Os grupos foram divididos em quintis de
variabilidade de peso, e comparados os de menor com os de maior variabilidade.
Foram
avaliados 9.509 pacientes. Os pacientes do grupo de menor variabilidade eram
mais idosos (63,4 vs. 60,4 anos P<0,01),
eram menos hipertensos, com menor proporção de homens e com lipídios mais
baixos. Quando avaliada como variável contínua, a cada 1,5 kg na variabilidade
de peso o paciente apresentava um HR de 1,04 (IC95% 1,02–1,07 P< 0,01) para
eventos cardiovasculares e 1,09 (IC95% 1,07-1,12 P< 0,01) para morte. Quando
comparado o 1º quintil (0,93 kg) de variação com o 5º quintil (3,86 kg) houve aumento
de 84% do risco de eventos cardiovasculares [HR 1,85 (IC95% 1,62-2,11 P<0,01)]. Houve aumento do risco de 124%
de morte, de 117% de IAM, de 126% de acidente vascular cerebral quando
comparados os grupos de maior e menor variabilidade. Foram discutidos no Clube
alguns pontos:
·
O estudo não especificou se esta variação de
peso era para cima ou para baixo, logo não podemos inferir se estes pacientes
estavam ganhando ou perdendo peso e a consequência disso;
·
O estudo não detalhou os motivos da variação de
peso. Uma vez que pacientes mais doentes podem perder peso devido à doença de
base, esses pacientes terão piores desfechos quanto a mobimortalidade;
·
O estudo limitou a sua avaliação ao subgrupo de
pacientes com doença cardiovascular estabelecida, não se podendo extrapolar
estes resultados para outras populações.
Pílula
do Clube: Em pacientes com doença cardiovascular estabelecida,
a variação de peso associou-se com aumento de doença cardiovascular e morte. Apesar
do grande tamanho de efeito observado no estudo, a aplicação desses dados na
prática clínica é limitada pelas limitações acima descritas.
Discutido
no Clube de Revista de 14/08/2017.
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