quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

The Importance of Breakfast in Atherosclerosis Disease: Insights From the PESA Study

Irina Uzhova, Valentín Fuster, Antonio Fernández-Ortiz, José M. Ordovás, Javier Sanz, Leticia Fernández-Friera, Beatriz López-Melgar, José M. Mendiguren, Borja Ibáñez, Héctor Bueno, José L. Peñalvo

J Am Coll Cardiol 2017, 70(15):1833-1842

Trata-se de estudo de coorte realizado em Madrid com 4.080 funcionários do banco Santander, com objetivo de avaliar padrão de café da manhã e risco cardiovascular. O estudo incluiu homens e mulheres entre 40-54 anos; foram excluídos pacientes com doença cardíaca prévia. O consumo alimentar foi avaliado através do questionário ENRICA, que implicava em recordatório alimentar dos últimos 15 dias. Os grupos analisados foram: High Energy Breakfast (HEB), que incluía indivíduos que consumiam mais de 20% das calorias diárias totais no café da manhã; Low Energy Breakfast (LEB), que incluía indivíduos que consumiam 5-20% das calorias diárias totais no café da manhã e o Skipping Breakfast (SB), que incluía indivíduos que ingeriam menos de 5% das calorias diárias totais no café da manhã. O risco cardiovascular foi avaliado através de medidas antropométricas, hipercolesterolemia, HAS, diabetes e síndrome metabólica. Foi avaliada a presença de aterosclerose através de ultrassonografia de carótidas e escore de cálcio (tomografia computadorizada). Considerou-se haver aterosclerose quando a protrusão do lúmen arterial era > 0,5mm ou mais de 50% da espessura da íntima-média ou havia aumento difuso de > 1,5mm entre a média e a adventícia e a interface intima-lúmen. O escore de cálcio > 0 foi considerado aterosclerose. Foi utilizado modelo de regressão logística multivariada para avaliar associação de aterosclerose e padrões de café da manhã. Foi utilizada correção de Bonferroni para múltiplas comparações. Fatores como estilo de vida, varáveis clínicas e padrão socioeconômico foram incluídas no modelo se diferentes entre os grupos.
Quando comparava-se pacientes do grupo  HEB com SB observou-se um aumento da prevalência de aterosclerose não-coronariana (OR 1,55  IC95% 0,97 – 2,46) e generalizada (OR 2,57  IC95% 1,54 – 4,31) em pacientes que não tomavam café da manhã. O grupo SB se caracterizou por ter mais indivíduos do sexo masculino, mais tabagistas, com maior peso, colesterol, glicemia de jejum e maior escore de risco cardiovascular. Pacientes do grupo SB consumiam mais carne vermelha, mais gordura e menos verduras e legumes. Durante o Clube, os seguintes pontos foram discutidos:
·         Pacientes que não consumiam café da manhã apresentavam piores hábitos de vida além de múltiplos fatores de risco para a presença de aterosclerose, ou seja, havia múltiplos fatores confundidores;
·         Não consumir café da manhã foi um marcador de piores hábitos de vida e consequentemente pessoas com este hábito tinham diversos outros fatores marcadores para aterosclerose;
·         Uma limitação do estudo é que cada indivíduo era encaixado em grupo de consumo de café da manhã baseado em média de calorias pré-estabelecidas e não no seu próprio consumo calórico diário;
·         Outra limitação observada é que o desfecho avaliado era um desfecho substituto;
·         O estudo avaliou uma amostra bem específica da população, o padrão de alimentação no café da manhã varia bastante ao redor do mundo, podendo influenciar demais fatores de risco.

Pílula do Clube: Indivíduos que não consumem café da manhã parecem apresentar maior prevalência de aterosclerose avaliada por desfechos subtitutos. Não consumir café da manhã, no entanto, fazia parte de um conjunto de hábitos que caracterizavam indivíduos com padrão de vida menos saudável e, portanto, maior risco cardiovascular.


Discutido no Clube de Revista de 23/10/2017.

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