Irina
Uzhova, Valentín Fuster, Antonio Fernández-Ortiz, José M. Ordovás, Javier Sanz,
Leticia Fernández-Friera, Beatriz López-Melgar, José M. Mendiguren, Borja
Ibáñez, Héctor Bueno, José L. Peñalvo
J Am Coll Cardiol 2017, 70(15):1833-1842
Trata-se de estudo de coorte realizado em Madrid com
4.080 funcionários do banco Santander, com objetivo de avaliar padrão de café
da manhã e risco cardiovascular. O estudo incluiu homens e mulheres entre 40-54
anos; foram excluídos pacientes com doença cardíaca prévia. O consumo alimentar
foi avaliado através do questionário ENRICA, que implicava em recordatório
alimentar dos últimos 15 dias. Os grupos analisados foram: High Energy Breakfast (HEB), que incluía indivíduos que consumiam
mais de 20% das calorias diárias totais no café da manhã; Low Energy Breakfast (LEB), que incluía indivíduos que consumiam
5-20% das calorias diárias totais no café da manhã e o Skipping Breakfast (SB), que incluía indivíduos que ingeriam menos
de 5% das calorias diárias totais no café da manhã. O risco cardiovascular foi
avaliado através de medidas antropométricas, hipercolesterolemia, HAS, diabetes
e síndrome metabólica. Foi avaliada a presença de aterosclerose através de
ultrassonografia de carótidas e escore de cálcio (tomografia computadorizada). Considerou-se
haver aterosclerose quando a protrusão do lúmen arterial era > 0,5mm ou mais
de 50% da espessura da íntima-média ou havia aumento difuso de > 1,5mm entre
a média e a adventícia e a interface intima-lúmen. O escore de cálcio > 0
foi considerado aterosclerose. Foi utilizado modelo de regressão logística
multivariada para avaliar associação de aterosclerose e padrões de café da
manhã. Foi utilizada correção de Bonferroni para múltiplas comparações. Fatores
como estilo de vida, varáveis clínicas e padrão socioeconômico foram incluídas
no modelo se diferentes entre os grupos.
Quando comparava-se pacientes do grupo HEB com SB observou-se um aumento da
prevalência de aterosclerose não-coronariana (OR 1,55 IC95% 0,97 – 2,46) e generalizada (OR 2,57 IC95% 1,54 – 4,31) em pacientes que não
tomavam café da manhã. O grupo SB se caracterizou por ter mais indivíduos do
sexo masculino, mais tabagistas, com maior peso, colesterol, glicemia de jejum
e maior escore de risco cardiovascular. Pacientes do grupo SB consumiam mais
carne vermelha, mais gordura e menos verduras e legumes. Durante o Clube, os
seguintes pontos foram discutidos:
·
Pacientes
que não consumiam café da manhã apresentavam piores hábitos de vida além de
múltiplos fatores de risco para a presença de aterosclerose, ou seja, havia múltiplos
fatores confundidores;
·
Não
consumir café da manhã foi um marcador de piores hábitos de vida e consequentemente
pessoas com este hábito tinham diversos outros fatores marcadores para aterosclerose;
·
Uma
limitação do estudo é que cada indivíduo era encaixado em grupo de consumo de
café da manhã baseado em média de calorias pré-estabelecidas e não no seu próprio
consumo calórico diário;
·
Outra
limitação observada é que o desfecho avaliado era um desfecho substituto;
·
O
estudo avaliou uma amostra bem específica da população, o padrão de alimentação
no café da manhã varia bastante ao redor do mundo, podendo influenciar demais
fatores de risco.
Pílula
do Clube: Indivíduos
que não consumem café da manhã parecem apresentar maior prevalência de
aterosclerose avaliada por desfechos subtitutos. Não consumir café da manhã, no
entanto, fazia parte de um conjunto de hábitos que caracterizavam indivíduos
com padrão de vida menos saudável e, portanto, maior risco cardiovascular.
Discutido no Clube de Revista de 23/10/2017.
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