sábado, 7 de abril de 2018

Improving adherence to healthy dietary patterns, genetic risk, and long-term weight gain: gene-diet interaction analysis in two prospective cohort studies


Tiange Wang, Yoriko Heianza, Dianjianyi Sun, Tao Huang, Wenjie Ma, Eric B Rimm, JoAnn E Manson, Frank B Hu, Walter C Willett, Lu Qi

BMJ 2018 Jan 10;360:j5644.

Trata-se de estudo observacional que utilizou dados de duas coortes prospectivas (Nurses’ Health Study e Health Professionals Follow-up Study) com objetivo de avaliar o efeito de três padrões de dieta saudáveis sobre o IMC de pacientes com alto risco genético para obesidade. Foram incluídos 8.000 mulheres e 5.000 homens de ascendência europeia, sem diagnóstico de câncer, diabetes ou doença cardiovascular, seguidos de 1986 a 2006. As avalições de peso, altura e padrão nutricional foram realizadas a cada 4 anos através de questionários. Foram utilizados três padrões diferentes de dieta saudável: Alternate Healthy Eating Index 2010 (AHEI-2010), Dietary Approach to Stop Hypertension (DASH) e Alternate Mediterranean Diet (AMED), todos com estudos prévios demonstrando redução de desfechos cardiovasculares e redução de peso. Os pacientes foram submetidos à avaliação genotípica para 77 polimorfismos associados à obesidade em descendentes de europeus, sendo classificados como de baixo, moderado e alto risco genético. Foi realizada análise multivariada para medidas repetidas para avaliar a associação entre escore de risco genético, escore de adesão aos três tipos de dieta e variação do IMC. Foi conduzida também análise de sensibilidade, incluindo apenas pacientes com menos de 65 anos, sem história de tabagismo e outros 20 polimorfismos para obesidade (não específicos para população européia).
Observou-se que a associação entre aumento do IMC e risco genético foi atenuada com a melhora da adesão à dieta AHEI-2010 na população Nurse´s Health Study (P para interação < 0,001) e Health Professional Follow-up Study (P para interação 0,05). Em números absolutos, ocorreu aumento do IMC de 0,07 em 4 anos, a cada + 10 alelos de risco, no grupo que piorou a adesão à dieta AHEI-2010; já entre aqueles que melhoraram o padrão alimentar, houve redução do IMC em -0,01. Tal variação correspondeu à mudança de peso de + 0,16 kg vs. - 0,02 kg, a cada 4 anos. De outra forma, a cada melhora do Escore AHEI-2010 em 1 desvio-padrão, houve uma redução no IMC de -0,12, -0,14 e -0,18 (que correspondeu a -0,35, -0,36 e -0,50 kg) entre os grupos de baixo, moderado e alto risco genético, respectivamente. Interações semelhantes foram observadas para a dieta DASH, mas não para a AMED. As análises de sensibilidade corroboraram tais resultados. Durante o Clube de Revista foram discutidos os seguintes aspectos:
·         O fato da dieta AMED não ter mostrado interação com IMC e risco genético pode se dever ao fato de que seu escore varia entre 0 e 9 (AHEI-2010 varia de 0-110 e DASH de 9-40), resultando em baixo poder discriminatório;
·         Há robustez nos resultados, uma vez que os dados foram semelhantes para as duas coortes independentes e para as análises de sensibilidade;
·         Não se pode excluir viés de aferição, uma vez que o peso foi auto relatado (mesmo que tenha sido validado em subamostra), nem causalidade reversa e presença de confundidores não mensurados (uma vez que se trata de estudo observacional);
·         O fato da população do atual estudo ser apenas uma pequena amostra da população total das duas coortes deixa margem para viés de seleção. Não fica claro qual foi o critério para realizar exame genético nas pessoas que o realizaram;
·         Apesar dos valores absolutos de redução de peso e IMC serem pequenos, tal resultado é cumulativo para cada 4 anos. Levando-se em consideração de que se trata de população relativamente jovem (média de idade de 55-56 anos) e de alto risco genético para obesidade, mesmo que pequenas, as reduções podem representar benefício clínico importante em longo prazo.

Pílulas do clube: A adesão a um padrão de dieta saudável parece atenuar o risco genético individual para obesidade e mesmo indivíduos com alto risco genético parecem responder com perda de peso quando são adotadas medidas dietéticas.
Discutido no Clube de Revista de 29/01/2018.

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